O ENSINO DE GEOGRAFIA NAS
ESCOLAS DE NÍVEL FUNDAMENTAL E MÉDIO
Postado pelos bolsistas do PIBID geografia, escola EEEM Professora
Ducilla Almeida do Nascimento
Por Taiane de Cássia Costa e
Vandinei S. Nascimento
Um dos grandes desafios do
ensino de geografia neste século é que os educadores possam levar para a sala
de aula a “compreensão do espaço/tempo”, a valorização das escalas tanto
globais como regionais, para que os alunos possam não só conhecer o mundo em
que vivem, mas que sejam atores sociais críticos e atuantes.
No Brasil o ensino da
geografia, como qualquer outra disciplina escolar, esbarra em vários problemas
enfrentados em sala de aula como formação inadequada dos docentes, excesso de
carga horária, problemas de infra-estrutura física e humana e outros que acabam
afetando negativamente o processo de ensino-aprendizagem.
Uma das fases mais
importantes da formação de quem faz um curso de licenciatura é o estágio de
docência, onde o acadêmico passa a conhecer de perto a realidade em sala de
aula do “ponto de vista” de um professor. Porém essa realidade vivida pelos
licenciandos não é das mais animadoras na atual conjuntura da educação
brasileira.
O Jornal de Geografia buscou
saber dos alunos de Geografia da Universidade Federal do Pará como tem sido
suas experiências de estágio nas escolas.
Segundo o acadêmico Igor
Renan “o que mais chama atenção, é o papel do professor de geografia, muitos
deles na verdade nem são professores de geografia, geralmente são professores
de História ou de outra disciplina”. Ainda segundo ele o sistema de ensino tem
“uma carência de professores da área e por esse motivo professores formados em
outros cursos acabam lecionando geografia”.
“Para quem nunca deu aula ou
vivenciou algo do tipo, a primeira vez em que entra em sala de aula para
lecionar é um choque. Os problemas começam pela estrutura física das escolas,
por exemplo: a escola que estagiei contava com pouquíssimos recursos didáticos
e muitas vezes o próprio professor tem que retirar recursos do seu bolso para
aplicar uma prova ou imprimir um mapa dentre outras coisas”. Segundo Igor tal
fato não é exclusivo da geografia e acontece em outras disciplinas. Igor
relatou que ‘’falta um empenho maior por parte do professor em passar o
conteúdo de uma forma esclarecedora e dinâmica para turma, a chamada
‘didática’. Certos conteúdos, ainda parte daquela geografia 'decoreba', onde as
informações são somente repassadas sem despertar o interesse dos alunos,
tornando a aula chata. No caso dos
alunos do EJA (Educação de Jovens e Adultos) que além de uma vida
bastante ocupada e estressante tem que estudar um conteúdo enfadonho”, avalia o
acadêmico de geografia.
“Hoje a educação brasileira
vive de números. Comerciais veiculados na TV alardeando o número de alunos
matriculados e que a meta é só aumentar. Sim! isso seria bom se existisse uma
maior qualidade de ensino, não adianta só encher uma escola de alunos e dizer
que a educação está boa. Falta investimento em materiais didáticos, na
estrutura da escola, etc. Esse problema reflete diretamente no ensino de
geografia.”
O estudante relata que diz
ter vivenciado um fato de lhe deixou perplexo. “Presenciei uma criança no 6º
ano que não sabia escrever o próprio nome. Me perguntei, como isso acontece?
Como uma criança com 12, 13 anos de idade e que frequenta a escola não saber
escrever o próprio nome? O que ela esta fazendo todo esse tempo na escola,
considerando que já estava no 6º ano? Descobri a resposta: a educação
brasileira vive somente de números, quanto mais números e estatísticas é melhor
e mais bonito pra sociedade ver e acreditarem que está tudo bem com a educação.
O Estado e os governos municipais não ligam para qualidade de ensino, então o
professor passa a ser o primeiro a ser
atingido por isso, onde ele se vê obrigado a aprovar o aluno mesmo
sabendo que ele não está apto para prosseguir. No caso da maioria dos
professores de geografia aqui em Altamira, a formação deles não vem do curso de
geografia, faltam professores formados na área.
Esta faltando qualidade na educação, no ensino da geografia, na formação
do professor de Geografia’’, finaliza o acadêmico.
Antônio Clébio de Araújo,
que também realizou seu estágio de docência, descreve a estrutura da escola na
qual trabalhou. “A escola onde estagiei, atende diferentes séries do
Fundamental ao EJA. Sua estrutura física e humana é precária. Os profissionais
que ali trabalham tentam manter a organização e a realização de vários setores,
como secretaria, diretoria, coordenadoria, etc., sobrecarregando assim os
profissionais e comprometendo a qualidade do ensino.” Clébio avalia que “mesmo
diante dos esforços, muitos professores acabam recorrendo a comportamentos e
métodos tradicionais demonstrando um
perceptível ‘abismo’ entre, os planos e modelos teóricos que direcionam
a educação e a prática docente. As turmas configuram “um ambiente de enormes
diferenças, onde os elementos em comum, em muitos casos, são o desinteresse,
timidez e cansaço dos alunos”. Antônio Clébio avalia que existe uma atitude
bastante passiva por parte dos alunos, sem muita contestação. Segundo ele,
alguns questionamentos e resistências surgem quando o professor busca uma maior
interação com as turmas ou buscam novas formas de abordagem em relação aos
conteúdos trabalhados.
Antônio Clébio avalia
que o período de estagio foi fundamental para realizar uma reflexão sobre a
realidade observada no estágio e ao mesmo tempo proporcionou um processo de
autocrítica enquanto profissional da área. Os parâmetros avaliados no estágio
em sua opinião, possibilitara uma reflexão sobre “metodologias que venham
desenvolver no aluno uma visão crítica sobre si e a complexidade e dinâmicas
das relações globalizadas que movem nossa contemporaneidade”.
Link: http://jorgedealtamira.blogspot.com.br/2012/09/o-ensino-de-geografia-nas-escolas-de.html
Comentário:
Com base nas pesquisas do IDEB (Índice de desenvolvimento da educação básica)
percebemos que o índice da educação está em constante crescimento, porém a
realidade vivenciada pelos acadêmicos da UFPA Igor Renan e Antônio Clébio
durante o estágio docente é completamente oposta aos resultados do IDEB.
Destacamos as seguintes afirmações: “Hoje a educação brasileira vive de
números", "presenciei uma criança no sexto ano que não sabia escrever
o próprio nome”.
Assim deixamos a seguinte pergunta aos nossos
leitores qual será a verdadeira realidade da educação brasileira, a enfatizada
pelo IDEB ou a realidade vivenciada pelos acadêmicos da UFPA?